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domingo, 2 de janeiro de 2011

GOIANOS GLOBAIS

Elizabeth Caldeira Brito*É segunda vice presidente da Comissão Goiana de Folclore

A televisão, mais que qualquer outra mídia, cria mitos. A luz que emana nem sempre ilumina a mente ou o conhecimento. A TV leva os eleitos ao deleite de muitos. Por merecimentos ou não, elege lendas. Constrói ídolos que alcançam os pícaros efêmeros da fama e da glória. Crucifica os que se propõe (vide o impeachment de Collor de Melo). Imortalizados por ela, alguns serão rapidamente esquecidos e substituídos. Outros alçarão voos alvissareiros.

Goiás, pela TV, alcança o cenário nacional. Músicos goianos mostram, à grande plateia televisiva brasileira, seu talento vocal. Ultrapassam o Paranaíba para alcançar o universo. O grande público tem a oportunidade de perceber, que não é só o repertório sertanejo o estilo musical dos povos deste cerrado. Vários autores e cantores de Goiás estão embalando as tramas da novela Araguaia, apresentada pela Rede Globo de Televisão.

O notável cantor e compositor goiano Marcelo Barra, foi especialmente convidado pelo autor da novela, Walter Negrão, para uma parceria musical. Negrão compôs a letra e Marcelo Barra musicou Cavalhadas de Pirenópolis.

O personagem Solano, protagonizado pelo ator Murilo Rosa, percorreu as estreitas ruas de Pirenópolis, sob a sonoridade da aveludada voz de Marcelo Barra ao violão. O cantor atendeu o convite do diretor da novela Marcos Schechtman, para atuar na estreia da novela global. Apresenta-se cantando Cavalhadas de Pirenópolis. O cenário é a torre da Igreja Matriz de Nossa Senhora do Rosário, construída entre 1728 e 1732. Enquanto o personagem Solano, montado em um belo corcel negro, dava os passos iniciais no primeiro capítulo, os Mouros e Cristãos das Cavalhadas seguiam-no, nas ladeiras íngremes da cidade histórica de Goiás.

A cantora goiana Taís Guerino, de voz suave e harmoniosa, acalenta e confere ritmo à Pérola, personagem da atriz e cantora Tânia Alves. Os autores Lucas Faria e Braguinha Barroso mostram em Catirandê a musicalidade do Cerrado goiano ao cenário nacional. A música, criada em 1995, conquistou o primeiro lugar, na categoria melhor intérprete, do Festival Canta Cerrado, daquele ano.

Conheci a bela Taís Guerino na residência do mestre Bariani Ortencio. Ela preparava seu Trabalho de Conclusão do Curso de jornalismo na Universidade Nacional de Brasília - UNB. O projeto: Catelan Um Documentário de Taís Guerino, registra em vídeo, a trajetória profissional do professor, folclorista e pesquisador musical Álvaro Catelan. Taís colhia depoimentos acerca de Catelan. O meu e de tantos outros convidados, foram inseridos em um filme de curta metragem. Após sua graduação, Taís dedica-se, exclusivamente, à carreira musical.

O tema de abertura de Araguaia é a canção Companheiro. Composta por Naire e Tibério Gaspar. A lírica voz súplica da consagrada cantora goiana Maria Eugênia, aconselha: “Vai amigo/... /Não se iluda/Que nada muda se você não mudar...” Sob o som de Maria Eugênia, os olhares se inundam com a magnífica fotografia do Rio Araguaia. A singular beleza da fauna e flora, em belíssima sequência de cenas, desencadeia metáforas imagéticas de harmoniosas fluências sobrepostas. Imagens que destacam e difundem o potencial turístico de nosso estado.

A música Louvação, criada em 2006, é um misto rítmico de folia, catira e baião. A composição de Luiz Augusto e Walter Carvalho confere alegria à trama. Instiga o ouvinte à dança e ao movimento. O tema é um mergulho à religiosidade popular, às tradições e ao folclore. Descreve os momentos em que os integrantes da Folia de Reis agradecem a recepção dos anfitriões, à Bandeira do Divino. Os autores formam a grupo Forró Agarradinho.
A qualidade, aceitação e sucesso de algumas novelas produzidas no Brasil, conferem destaque a esta arte brasileira. Mesmo aos avessos às novelas, a Araguaia é de singular importância para os que amam esta terra. As locações e a trilha sonora goianas, concedem a ela, especial atenção. Araguaia leva nossas belas paisagens e uma pitada da cultura regional, aos milhares de telespectadores. Sugere que não é só a música sertaneja que Goiás entoa.


*É escritora.
bethcbrito@gmail.com

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