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sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

Secult promove o 10º ENCONTRO DE FOLIAS DE REIS EM GOIÂNIA

SEGUIMOS NOSSA ESTRELA GUIA -




A Estrela de Belém é o tema do 10° Encontro de Folias de Reis em Goiânia, promovido pela Prefeitura Municipal de Goiânia, por meio da Secretaria Municipal de Cultura, Secult, no Domingo, dia 30 de Janeiro de 2011, na Matriz de Campinas.

A partir das 6h, inicia a programação que reunirá aproximadamente mil e 200 foliões, de 46 grupos de folia de Goiânia e do interior de Goiás. Da capital, estarão representados 23 setores, entre eles Novo Horizonte, Nova Vila, Santos Dummont, Jardim Primavera e Jardim Aroeiras.

Também vão participar foliões de 23 cidades goianas, como Petrolina de Goiás, Cidade de Goiás, Itaguari de Goiás, Jaraguá, Rialma, Caldas Novas, Nerópolis e Itaguaru. A longa lista de integrantes inclui crianças, adolescentes, adultos e idosos que se reunirão a partir das quatro da matina.

A emocionante Missa dos Foliões, com participação dos grupos nos cânticos, será às 7h. Às 8h, haverá abertura oficial e início das apresentações. Ao meio-dia será servido o almoço tradicional e os desfiles prosseguem às 13h30. Às 18h, a programação encerra com um show de músicos convidados.

Em 2011, a madrinha do Encontro de Folias é a pesquisadora Yara Moreira, Doutora em Artes pela USP e ex professora do Instituto de Artes da UFG. Segundo o professor Jadir Pessoa, membro da Comissão Goiana de Folclore e colaborador do evento - ao lado de Bariani Ortêncio e Fátima Paraguassu - esta manifestação da cultura popular deve muito à homenageada por seu empenho em torná-la objeto de estudo no campo acadêmico.

Além da importante discografia, Yara Moreyra publicou dois estudos sobre folias de reis goianas, que também se tornaram referência obrigatória: De folias, de reis e de folias de reis. Revista Goiana de Artes, Vol. 4, nº 2, dez. de 1983 e a Música nas folias de reis “mineiras” de Goiás. Revista Goiana de Artes, Vol. 4, nº 2, dez. de 1983.

Jadir Pessoa, em seu texto de apresentação, observa que a viagem dos Reis Magos a Belém encanta o mundo há dois mil anos. “Há muitas razões para isso, uma delas, de grande importância antropológica, é o fato de terem levado presentes a Jesus”.

Quanto à Estrela ser tema do Encontro em 2011, ele observa que os reis magos viram um sinal no céu e, de pronto, abdicaram do status social e político que os envolvia e que na era moderna esta estrela tem sido objeto de grandes disputas teóricas.

“A Teologia garante que a Estrela de Belém foi uma afirmação de fé da Comunidade de Mateus (os Magos foram guiados por Deus), e não um fenômeno natural verídico. Trata-se, portanto, de um componente da cena do Nascimento, que passou dois mil anos fustigando a curiosidade humana. Esta é a importância da Estrela Guia que procuramos atualizar, com centenas de foliões vindos de várias partes do Estado, no 10° Encontro de Folias de Reis em Goiânia. Em todas as nossas ações, alguma estrela sempre nos guia – qual é a minha estrela?”, finaliza.



10° Encontro de Folias de Reis

Com 46 grupos, de Goiânia e do interior de Goiás

Domingo, 30 de Janeiro de 2011

Matriz de Campinas

A partir das 6h

Programação:

6h Alvorada Festiva

7h Missa dos Foliões

8h Café da Manhã

9h Abertura Oficial

12h Almoço

13h30 Reinício das Apresentações

18h Show

Entrada franca



Entrevistas com Doracino Naves,

Diretor de Ação Cultural da Secult

3524 1755 ou 8102 1319





Release Nádia Timm

III Encontro de Culturas SERRA da MESA

quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

Estudantes apresentam ensinamentos recebidos de mestres da Cultura Popular

Aprendizados do Encontro de Saberes


Estudantes apresentam ensinamentos recebidos de mestres da Cultura Popular

Alunos da disciplina Artes e Ofícios dos Saberes Tradicionais apresentaram na manhã desta quarta-feira, 19 de janeiro, no Centro de Excelência em Turismo da Universidade de Brasília (UnB), o que aprenderam com os mestres e mestras da Cultura Popular brasileira ao longo do segundo semestre de 2010 pelo projeto Encontro de Saberes. Américo Córdula, secretário da Identidade e da Diversidade Cultural do Ministério da Cultura (SID/MinC) participou e interagiu com os estudantes durante o evento.

O objetivo desta iniciativa do MinC foi promover o diálogo entre os saberes acadêmicos e os saberes tradicionais, populares e indígenas, além de contribuir para o processo de reconhecimento de mestres de artes e ofícios como docentes no ensino superior.

Para a apresentação de hoje, – haverá outras turmas na sexta-feira (21) – os alunos representaram todos os mestres e mestras com que conviveram na disciplina. Mostraram o lhes foi ensinado como o cuidado com as plantas e a importância dos valores que as culturas populares trouxeram para suas vidas. Eles dançaram e serviram um delicioso chá aos presentes.



Ao lado: Camila Paula - estudante de Artes Cênicas da UnB

“Obter um conhecimento desses dentro da universidade, no meio acadêmico, está sendo uma experiência maravilhosa. Vou levar comigo para sempre porque são saberes para a vida”, afirmou a estudante de Artes Cênicas da UnB, Camila Paula. Para a aluna, aprender a cuidar das plantas e de sua saúde por meio da natureza figura uma nova maneira de ver o universo. “Hoje olho para uma planta e vejo que ali tem vida e muito a oferecer.”

Sobre a convivência com os mestres e mestras da Cultura Popular do país, Camila garante que a humildade e o prazer em ensinar fez toda a diferença no compartilhamento de saberes: “Isso é maravilhoso porque a gente vive em um mundo onde algumas pessoas querem guardar o conhecimento para si, ou outros professores que humilham alunos por julgar saberem mais.”

A disciplina Artes e Ofícios dos Saberes Tradicionais fez parte da grade regular de graduação do segundo semestre de 2010 da UnB e esteve acessível a estudantes de todos os cursos. O Encontro de Saberes é realização da SID/MinC em parceria com a UnB e o Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia (INCT) de Inclusão no Ensino Superior e na Pesquisa, órgão do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).

Saiba mais sobre o projeto Encontro de Saberes

(Texto: Sheila Rezende, SID/MinC)

(Fotos: Marina Ofugi, ASCOM/MinC)

sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

CRIADA FACULDADE EM GÓIAS PARA AS COMUNIDADES QUILOMBOLAS

Assessoria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial do Município de Goiânia para asppir


O primeiro Curso de Licenciatura Plena em Educação Quilombola a Faculdade Kalunga que será implantado no país, atenderá as comunidades remanescentes de quilombos do Território Kalunga localizada na Chapada dos Veadeiros, nos municípios de Cavalcante, Monte Alegre e Teresina de Goiás, no estado de Goiás.

O anúncio foi feito pelo deputado Pedro Wilson (PT-GO), que agradeceu a iniciativa do ministro da Educação, Fernando Haddad, e pediu celeridade no processo para o início do curso, ainda este ano, argumentando que a escola vai atender a demanda de uma comunidade tradicional e preencher a carência de profissionais qualificados para a área em toda a região.

Para Maria Helena Kalunga, de Monte Alegre, uma das principais lideranças na luta pela implantação do curso, esta é uma decisão histórica que coloca o Brasil entre os mais evoluídos países do mundo e resgata a história de um povo preservando sua origem e sua cultura.

Pedro Wilson lembrou que esta é uma luta histórica que envolveu, nos dois últimos anos, as comissões de Educação e Cultura, de Direitos Humanos e de Legislação Participativa da Câmara, com a realização de diversos seminários e audiências públicas, que contou com a participação de representantes da SEPPIR (Secretaria Especial de Promoção da Igualdade Racial), do Ministério da Educação (Mec), da Fundação Palmares, das universidades Estadual e Federal de Goiás, a Universidade de Brasília (UnB), e autoridades dos municípios envolvidos e, principalmente das lideranças Kalunga.

O curso atenderá professores e ex-professores da comunidade que já possuem o ensino médio e vinham exercendo a função para cobrir a deficiência de profissionais de educação qualificados na área.

Fonte: Informes PT

FOLIA DE REIS EM ALTA VISTA

FOLIA DE REIS EM ALTA VISTA



Elizabeth Caldeira Brito

O filósofo e poeta francês Gaston Bachelar, no livro A Poética do Espaço, afirma que a casa é um instrumento de proteção e preservação da alma humana. Para ele, “é o lugar de imagens do espaço feliz”. As casas do condomínio de Chácaras Alta Vista ratificam esta ideia. O local é inundado pelo canto dos pássaros e o suave murmúrio do silêncio. Límpidos lagos e bucólicas praças testemunharam a passagem da Folia de Reis, pelas alamedas floridas e ornamentadas. Instantes de fé, folclore, tradição e religiosidade sensibilizaram os que participaram do I Encontro da Folia de Reis de Malhador no Condomínio Alta Vista.

Devido a sua procedência, a Folia de Malhador é conhecida por Folia dos Machado. A constituição do grupo remonta há mais de cinquenta anos. Originou-se na cidade mineira de Patos de Minas oriunda da família Machado. Veio para Goiás com o casal Vicente Machado e Isabel Gonçalves. Em 1961 o clã mudou-se para São Luiz de Montes Belos em Goiás. Nos anos de 1971 e 1972 residiu em Anápolis - Goiás. Em 1973 fixou residência em Malhador, município da turística cidade goiana, Pirenópolis. Atualmente cinco, dos dezoito irmãos Machado, são foliões, dentre os mais de trinta integrantes. Pessoas, das mais diversas áreas do conhecimento, carregam a bandeira do Divino com devoção, louvor e fé. Liderados pela caçula dos irmãos, Ana Vieira Machado, compõem o grupo os irmãos Altair, Hélio, José e Valdo (um dos embaixadores).

Originária de Portugal, a Folia de Reis, foi trazida pelos colonizadores portugueses ao Brasil. Contribuiu para a formação cultural do povo brasileiro. Constituiu e enriqueceu o folclore, a cultura, a fé e as tradições religiosas do nosso País. A história, contada em prosa, versos e cantos plangentes, retrata a visita dos Reis Magos, Gaspar, Melchior e Baltazar ao menino Jesus, por ocasião de seu nascimento. Diz a lenda que os Reis viajaram do Oriente a Belém para presentear o Deus Menino com ouro, incenso e mirra, símbolos das três dimensões do Messias: realeza, divindade e humanidade.

Idealizador, organizador e anfitrião do Encontro, Juarez Antônio de Sousa é médico. Formou-se na Universidade Federal de Goiás - UFG. Especializou-se em mastologista e ginecologista. Mestre e doutor pela Universidade Federal de São Paulo é Chefe do Serviço de Residência em Mastologia do Hospital Materno Infantil de Goiânia. Preceptor de Ginecologia da Residência em Obstetrícia e Ginecologia do Hospital Materno Infantil de Goiânia. Mastologista do Hospital Santa Helena de Goiânia e da Clínica Citomed de Goiânia, onde é Diretor Técnico. Ex-presidente da Sociedade Goiana de Ginecologia e Obstetrícia e da Comissão Estadual de Residência Médica - Goiás. É professor na UFG. Preside a Sociedade Brasileira de Mastologia, regional Goiás.

Juarez Sousa dedica-se ainda à música e ao esporte. Toca vários instrumentos. Desportista, recebeu inúmeros troféus no tênis. Natural da cidade de Goianésia, herdou dos pais, José Antônio Sousa e Maria Serafim de Sousa, a devoção e o respeito às celebrações religiosas.

Além de Juarez Sousa e sua esposa Ana Lúcia Osório Maroclo de Sousa, também médica (dermatologista), quatro casais receberam a Folia de Malhador em suas confortáveis residências: Antônio Edson Félix de Souza, agricultor/agropecuarista e Maria Eunice Fonseca Félix de Souza, funcionária pública federal; Joaquim José Ribeiro, assessor parlamentar e Eneida Afonso Teixeira, do lar; Marco Antônio Accioli Costa e Silva, médico pediatra e artista plástico e Sueli Almeida da Costa e Silva, decoradora; Álvaro Catelan, professor e Cláudia Catelan, paisagista. O apogeu ocorreu na residência de Juarez Antônio e Ana Lúcia. Após a aclamação ao nascimento de Jesus, serviu-se farto almoço, com iguarias da tradicional comida goiana.

As casas vestiram-se de flores, cores e presépios. Petiscos, lanches e bebidas confraternizaram os presentes. A alegria, pela singular e nobre recepção, iluminou as faces foliãs. Dentre os inúmeros convidados: Sônia Ferreira, escritora e articulista do Diário da Manhã; Marinho, escritor e Shirley Rezende, professora; o casal Marconi Ferreira Perillo (pais de Marconi Perillo, governador de Goiás); Fausto Gomes, médico e Daniela Cristina Gomes, empresária;
O domingo, nove de janeiro, fez história. Horas de festejos, religiosidade e fraternidade abreviaram o tempo. Ao lusco-fusco do dia os Reis Magos iluminaram o caminho de volta pra casa.



Elizabeth Caldeira Brito é escritora,

Vice-presidente da Comissão Goiana de Folclore-UNESCO,

Membro do Instituto Histórico e

Geográfico de Goiás, da União Brasileira de Escritores - GO

e da Academia de Letras do Brasil.

quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

Exumação


 
Bento Alves Araújo Jayme Fleury Curado



Errare humanum est. Na célebre frase de Sêneca, filósofo Romano e destacado poeta encerra-se um mundo de divagações de ordem psicológica, quando o erro assume conotações diversas e hoje apresenta verificação divergente do passado, geralmente marcado pelo excesso de preconceito, numa época em que a língua diferenciava as classes sociais e marcava territórios; língua de gente fina, traquejada e plena de glamour, afetação e língua de gentinha, ralé, fubá, maloca, zé povinho e mané, como se diria hoje. E depois ainda dizem que não há preconceitos, tá bom?

Temos agora o nosso jeito de falar, como destacou Lourenço Diaféria, o “noço portugueis ruim”. Ruim é pouco, é apelido. Tá com dó de ruindade? A pobre Língua “que Camões chorou no exílio, última flor do Lácio, inculta e bela” está sendo apunhalada em cada esquina, em cada canto de rua, em cada escola, em cada coração. Pervertida, ultrajada, prostituída, diminuída. Uma perdidinha sapeca, envolvente, graciosa, Gabriela, Tieta e Dona Flor do Vernáculo. Velhinha de Taubaté da Gramática. Hilda Furacão da semântica. Engraçadinha, mas ordinária, como diria Nelson Rodrigues.

Língua Portuguesa nossa, que perdeu seu lugar na galeria das mais belas e cultuadas, tão lindamente observada numa frase de Alencar, num escrito de Machado de Assis, num verso de Castro Alves e agora tão diminuída pelo hodierno excesso de tecnologia e na crescente onda de e-mails, numa linguagem cifrada, no frio laconismo dos telegramas.

Já que o negócio é errar, vamos errando. Herrar não é umano? Para que preconceitos em relação à língua, se todos nos entendemos enfim? O negócio é usar a língua certa, na hora certa, no lugar certo e melhor ainda, com a pessoa certa. Entenderam a comparação?

A linguagem popular a cada dia se afasta da norma padrão, com sua dialetologia, os vícios de linguagem, os modismos lingüísticos, os rusticismos, caipirismos, regionalismos, provincianismos, barbarismos, solecismos, preciosismos, jargões, palavrões, clichês, ditados populares, fraseologias, provérbios, adágios, anexins, rifões, prolóquios, parêmias, sentenças, máximas, axiomas, aforismos, apotegmas, refrões, bordões, e outras parafernálias lingüísticas. É pouco ou quer mais?

São sintomas de mudanças profundas numa sociedade de valores deturpados. De quem é a culpa? Ninguém pode crucificar o outro. Num país que vislumbra o futuro e que se ergue para divisar o terceiro milênio ainda de pé no chão não pode, infelizmente, alcançar o ideal.

Nunca se teve tanto livro e nunca se leu tão pouco. Nunca houve tantos recursos e nunca se passou tanta fome. Que país de paradoxos! Mas mesmo sendo erro, é interessante pelas analogias feitas.

Já assuntaram como utilizamos o nosso corpo como modelo? Façamos agora uma exumação dessa linguagem que tanto usamos e estripamos corpos e mais corpos, diariamente e nem nos damos conta dos cadáveres que vamos lançando a esmo, pela língua assassina que temos. Imaginemos agora um corpo prestes a ser retalhado.

É mesmo um fato de ARREPIAR OS CABELOS. Não adianta ARREPIAR que isso vai ser dito, já é hora de parar de viver dando CABEÇADA por aí em tolas indagações, CABEÇA DE VENTO, CABEÇA DE BAGRE. Deixa de ser CABEÇUDO, tudo nesse mundo tem explicação, mesmo para CABEÇAS DURAS como a sua; caro leitor desavisado.

Calma que tudo o que vai aqui é de graça. E desse jeito até INJEÇÃO NA TESTA é válido, principalmente para quem PENTEIA O CABELO PRA TRAZ PARA NÃO REPARTIR. Tem gente que possui fama de UNHA DE FOME, de MÃO DE VACA e isso é comum para nós que, hoje, passamos no DITO CUJO DA COBRA. Mesmo sendo um MIOLO MOLE, essa informação vai estar NO PAPO.

Não que eu seja um PAPUDO, sei lá, confesso que sei PEITAR (não confunde, tá bom, é peitar mesmo, com t) as situações e mesmo METENDO O NARIZ onde não sou chamado já levei muito TAPA NA VENTA.

ORELHUDO, tá prestando atenção? FICA DE OLHO, cuidado para não ENTRAR NUM OUVIDO E SAIR NO OUTRO. Tenha JOGO DE CINTURA e não seja CARNE DE PESCOÇO como tanta gente por aí. Vai levando NA BARRIGA essa situação difícil.

O velho adágio já diz que QUEM NÃO AJOELHA, NÃO REZA. Sossega, mas ABRE O OLHO e não vai DAR COM A LÍNGUA NOS DENTES. BOQUINHA DE SIRI nesse nosso segredo, tá seu BOCUDO? Se bancar o DEDO DURO eu maceto sua mão no porrete.

Quando eu falo, sou violento e DESÇO O BRAÇO sem dó. TENHO SANGUE NAS VEIAS, não sou SANGUE DE BARATA como tantos por aí (perdoe-me se te falo assim). Mas, às vezes, concordo que fazer as coisas de SANGUE FRIO é a melhor opção. Entretanto, quando vejo já BOTEI A BOCA NO TROMBONE, armei o maior BATE BOCA, igual à gentinha do começo dessa história, aquele povinho fubá também acho que sou, sei lá.

Essa minha LÍNGUA DE TRAPO já deu muito que falar, LÍNGUA SOLTA que herdei de minha avó, uma LINGUARUDA de primeira, velhinha da BOCA IMUNDA que sabia sorrir e ser bobagenta, mas, à moda de Che Guevara, sem perder “la ternura”, porém, ao menor deslize, mandava a gente PEIDAR FUMAÇA, costume lá dos seus falares, ainda mais usando a língua de traz pra frente, mania de todo e qualquer bom Jayme, chamava a gente de ATUPADEF.

Coisa do meu detesto é OLHO GRANDE, gente que põe OLHO GORDO na vida da gente e que não LARGA DO PÉ. Ojeriza tenho muita, de quem PASSA A PERNA NOS OUTROS. Cambada imunda! Gosto mesmo é de BATER PERNA, bestar na rua. Há muito, mãe dizia que COMI PÉ DE CACHORRO, será?

Andar, ruar, medir rua, bestar são meus verbos prediletos.

Pelo sim, pelo não, é melhor BOTAR AS BARBAS DE MOLHO. CARA LAMBIDA nunca foi adiante.

Meça. Assunta tanto PÉ DE TODDY que NÃO TEM UM COURO PARA CAIR MORTO querendo PASSAR O PÉ na gente. METER A MÃO no alheio. Vou é logo dar um PÉ DE RODO nessa corja. Cuidado e caldo de galinha nunca fizeram mal, pois o seguro morreu de velho e o prudente foi no velório e depois, de repente, um deles GUARDA A FACA NO BUCHO da gente e vamos ESTICAR AS CANELAS rumo à terra dos PÉS JUNTOS.

Já passei essa fase de DOR DE COTOVELO. O negócio é seguir. A fila anda. Também FALO PELOS COTOVELOS. Já percebeu? Ideal é TER PULSO para tocar a vida. Não sou nenhum SACO DE TRIPA e nem descendente da ilustre e tradicional família MONTE... DE BOSTA! Sou CARUDO e acho que essa palavra aí todo mundo diz, mesmo lá no CALCANHAR DOS JUDAS, no guardado, no segredo então, pode rir, seu CARA LISA!

Já tenho o COURO GROSSO pode falar, passa logo um CARÃO. Já estou BENZIDO COM A MÃO CANHOTA mesmo, o que vier é lucro. Tudo nesse mundo não vale BOSTA NENHUMA e tem gente que não quer ser POUCA BOSTA. Isso é nojento, perigoso ESTRIPAR O MICO e CHAMAR O JUCA aqui.

Quem já não chamou ou pensou em chamar o outro de CARA DE BOSTA, de CARA DE MERDA ou CARA DE BUNDA? Tem ainda outros estereótipos para a CARA que não devo dizer aqui, em que fazem analogia da CARA com aquela região ONDE O SOL NÃO BATE.

Confesse, você já não disse isso? Não pode haver hipocrisia nos nossos dizeres. Sei que às vezes sou um PÉ NO SACO, mas vai tendo paciência comigo que você ganha o céu... DA BOCA DA ONÇA!

Tá querendo falar alguma coisa? ABRE O BICO. Enfrento tudo DE CABEÇA ERGUIDA, pois QUEM ABAIXA MUITO MOSTRA A BUNDA, tá pensando o quê? Só TOMEI UM COURO foi de minha mãe, o último, e não temo nada de nada e nem um TAPA NA VENTA que você esteja querendo me dar!

Pessoa que só fica COÇANDO O SACO não é de nada, só ARROTA vantagem, comigo não tem vez, mas aqui não, sou OSSO DURO DE ROER, não perco nenhuma chance, pois antes UM PEITO NA MÃO, QUE DOIS NO SUTIÃ!

Vou ser uma PEDRA NO SEU SAPATO e não duvida que pode haver um ARRANCA RABO. Tô com o OVO VIRADO e vendo a VÓ POR UMA GRETA. ACORDA que a sua batata tá assando. Chega de BATER PAPO, aproveita a BOCADA da vida e a BOCA LIVRE de tanta festa, vai ser feliz. BOTA A CABEÇA NO LUGAR, ajeita as coisas, curte!

Cansei de BOTAR O DEDO NA FERIDA e FICAR CHIANDO.

Não que fosse a minha intenção ficar PISANDO NOS CALOS de ninguém. Não é bem isso não, porque assim acabaria PISANDO NA BOLA. E com certeza também iria QUEBRAR A CARA.

Espreita, você nessa vida, tendo saúde, TÁ COM TUDO NA MÃO. Para tirar o PÉ DA LAMA, com alguma dívida é fácil negociar. Qualquer PÉ RAPADO consegue, por que você não? Faz no guardado o seu PÉ DE MEIA.

O certo é SUAR A CAMISA de qualquer jeito, na malhação ou no trabalho. Para vencer as dificuldades é preciso fazer DAS TRIPAS, CORAÇÃO. Nada de ficar o tempo inteiro DE PAPO PRO AR e FAZER VISTAS GROSSAS para o difícil do mundo.

A vida é pra se GANHAR NO GRITO E NA RAÇA. É preciso MANDAR VER e mesmo que tudo não seja FLOR QUE SE CHEIRE, não podemos recuar, nem ROER A CORDA. Tudo isso são os OSSOS DO OFÍCIO do bem viver.

Confesse, você tem que DAR MÃO Á PALMATÓRIA. Viver é muito perigoso como disse o velho Guimarães Rosa.

Pare de DAR MURRO EM PONTA DE FACA. DÊ O BRAÇO A TORCER. Aceite os errados e os certos e dê uma de JÃOZINHO SEM BRAÇO para poder suportar os TEMPOS BICUDOS. A vida, apesar dos pesares, é algo de ENCHER OS OLHOS. Encha-os ao invés de ENCHER A CARA.

Você tem A FACA E O QUEIJO NA MÃO. Adoce o tempo por mais amargo que seja. Ponha a MÃO NA MASSA. Construa amanhãs e sempres. Pense que você nasceu com o DITO CUJO VIRADO PARA LUA e mesmo que não pareça, há nisso poesia.

Língua que retalha, exumando nosso corpo, viram? É PINTA BRABA. E a gente vive a toda hora ENGOLINDO SAPO. E também como ele PULA CONFORME A NECESSIDADE; vamos COMENDO PELAS BEIRADAS que pobre tem BUCHO DE SUCURI, para agüentar muita coisa.

Como o usamos dessa maneira, mutilando, cortando pedacinho a pedacinho, parte por parte, Jack, o estripador da linguagem, pois não? Isso é fragmento dos nossos guardados da língua, parte de nosso depositário de riquezas ou pobrezas como queiram uns e outros, (uns gostam do olho, outros da remela, já viram?), pois a língua está literalmente na BOCA DO POVO.

PEGA LEVE agora. Chega de FALAR ABOBRINHA, LA-RA-LÁ CAIXINHA DE FÓSFORO, ETC. Antes que me exumem vou TIRAR O CORPO FORA, pois, Deus me livre, a LÍNGUA NÃO TEM OSSO, MAS PODE COMPROMETER O PESCOÇO. Fui! Vazei.

É nois.

domingo, 2 de janeiro de 2011

GOIANOS GLOBAIS

Elizabeth Caldeira Brito*É segunda vice presidente da Comissão Goiana de Folclore

A televisão, mais que qualquer outra mídia, cria mitos. A luz que emana nem sempre ilumina a mente ou o conhecimento. A TV leva os eleitos ao deleite de muitos. Por merecimentos ou não, elege lendas. Constrói ídolos que alcançam os pícaros efêmeros da fama e da glória. Crucifica os que se propõe (vide o impeachment de Collor de Melo). Imortalizados por ela, alguns serão rapidamente esquecidos e substituídos. Outros alçarão voos alvissareiros.

Goiás, pela TV, alcança o cenário nacional. Músicos goianos mostram, à grande plateia televisiva brasileira, seu talento vocal. Ultrapassam o Paranaíba para alcançar o universo. O grande público tem a oportunidade de perceber, que não é só o repertório sertanejo o estilo musical dos povos deste cerrado. Vários autores e cantores de Goiás estão embalando as tramas da novela Araguaia, apresentada pela Rede Globo de Televisão.

O notável cantor e compositor goiano Marcelo Barra, foi especialmente convidado pelo autor da novela, Walter Negrão, para uma parceria musical. Negrão compôs a letra e Marcelo Barra musicou Cavalhadas de Pirenópolis.

O personagem Solano, protagonizado pelo ator Murilo Rosa, percorreu as estreitas ruas de Pirenópolis, sob a sonoridade da aveludada voz de Marcelo Barra ao violão. O cantor atendeu o convite do diretor da novela Marcos Schechtman, para atuar na estreia da novela global. Apresenta-se cantando Cavalhadas de Pirenópolis. O cenário é a torre da Igreja Matriz de Nossa Senhora do Rosário, construída entre 1728 e 1732. Enquanto o personagem Solano, montado em um belo corcel negro, dava os passos iniciais no primeiro capítulo, os Mouros e Cristãos das Cavalhadas seguiam-no, nas ladeiras íngremes da cidade histórica de Goiás.

A cantora goiana Taís Guerino, de voz suave e harmoniosa, acalenta e confere ritmo à Pérola, personagem da atriz e cantora Tânia Alves. Os autores Lucas Faria e Braguinha Barroso mostram em Catirandê a musicalidade do Cerrado goiano ao cenário nacional. A música, criada em 1995, conquistou o primeiro lugar, na categoria melhor intérprete, do Festival Canta Cerrado, daquele ano.

Conheci a bela Taís Guerino na residência do mestre Bariani Ortencio. Ela preparava seu Trabalho de Conclusão do Curso de jornalismo na Universidade Nacional de Brasília - UNB. O projeto: Catelan Um Documentário de Taís Guerino, registra em vídeo, a trajetória profissional do professor, folclorista e pesquisador musical Álvaro Catelan. Taís colhia depoimentos acerca de Catelan. O meu e de tantos outros convidados, foram inseridos em um filme de curta metragem. Após sua graduação, Taís dedica-se, exclusivamente, à carreira musical.

O tema de abertura de Araguaia é a canção Companheiro. Composta por Naire e Tibério Gaspar. A lírica voz súplica da consagrada cantora goiana Maria Eugênia, aconselha: “Vai amigo/... /Não se iluda/Que nada muda se você não mudar...” Sob o som de Maria Eugênia, os olhares se inundam com a magnífica fotografia do Rio Araguaia. A singular beleza da fauna e flora, em belíssima sequência de cenas, desencadeia metáforas imagéticas de harmoniosas fluências sobrepostas. Imagens que destacam e difundem o potencial turístico de nosso estado.

A música Louvação, criada em 2006, é um misto rítmico de folia, catira e baião. A composição de Luiz Augusto e Walter Carvalho confere alegria à trama. Instiga o ouvinte à dança e ao movimento. O tema é um mergulho à religiosidade popular, às tradições e ao folclore. Descreve os momentos em que os integrantes da Folia de Reis agradecem a recepção dos anfitriões, à Bandeira do Divino. Os autores formam a grupo Forró Agarradinho.
A qualidade, aceitação e sucesso de algumas novelas produzidas no Brasil, conferem destaque a esta arte brasileira. Mesmo aos avessos às novelas, a Araguaia é de singular importância para os que amam esta terra. As locações e a trilha sonora goianas, concedem a ela, especial atenção. Araguaia leva nossas belas paisagens e uma pitada da cultura regional, aos milhares de telespectadores. Sugere que não é só a música sertaneja que Goiás entoa.


*É escritora.
bethcbrito@gmail.com